A vitamina K tem recebido destaque em relação ao seu papel no metabolismo ósseo. Esta vitamina, essencial para a coagulação sanguínea, atua como co-fator para a carboxilação de resíduos específicos de ácido glutâmico para formar o ácido gama carboxiglutâmico (Gla), aminoácido presente nos fatores de coagulação.
A osteocalcina, que é produzida pelos osteoblastos durante a formação óssea, é a principal proteína não colagenosa na matriz extracelular do osso e está envolvida na regulação da maturação óssea. A transcrição e tradução da osteocalcina são reguladas pela vitamina D3 (1,25-dihidroxivitamina D) e sua capacidade de ligação com o cálcio. Isto só é possível após a carboxilação de resíduos específicos de ácido glutâmico, processo dependente da vitamina K. A carboxilação da osteocalcina é o principal mecanismo que esclarece a hipótese da influência da vitamina K na saúde óssea.
Estudos científicos mostraram que em pacientes com osteoporose, as concentrações plasmáticas de vitamina K são baixas e a osteocalcina plasmática parece estar descarboxilada nesses indivíduos. A osteocalcina descarboxilada é um significante fator de risco para fraturas de quadril, porém, mais pesquisas são necessárias para esclarecer essa relação.
As formas naturais da vitamina K, tais como a K1 (filoquinona) e K2 (menadiona), são consideradas protetoras potenciais contra a incidência da osteoporose. Estudos sugerem que a deficiência de vitamina K pode reduzir a densidade mineral óssea e elevar o risco de osteoporose e fraturas osteoporóticas. Alguns estudos epidemiológicos constataram que a ingestão de filoquinona (encontrada principalmente nos vegetais) está associada com menor risco de fratura de quadril. Um desses estudos é o Nurses Health Study que acompanhou 72.327 mulheres de 30-88 anos durante 10 anos, e encontraram um risco aumentado de fratura de quadril nas mulheres com menor ingestão de filoquinona.
Da mesma forma, Booth et al observaram um aumento do risco de fratura de quadril associado à menor ingestão de filoquinona em homens e mulheres que participaram do Framingham Heart Study (idade média de 75 anos), que foram acompanhados por um período acima de 7 anos.
Além da osteocalcina, a vitamina K também pode atuar em outras proteínas da matriz extracelular óssea e exercer outras funções que se relacionam a regulação de cálcio, especialmente reduzindo a excreção urinária de cálcio e melhorando sua absorção intestinal. No entanto, mais estudos são necessários para confirmar o seu papel fundamental na saúde óssea e estabelecer a ingestão recomendada para esta função.
Matéria NutriTotal
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