Pesquisadores brasileiros da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) publicaram na revista Nutrition Journal estudo demonstrando que a suplementação nutricional via oral é mais eficaz do que apenas a educação nutricional para melhorar o estado nutricional de pacientes com doença de Alzheimer (DA).
O estudo foi prospectivo e randomizado que avaliou, durante seis meses, 90 indivíduos (≥ 65 anos) com doença de Alzheimer, divididos em três grupos: grupo controle (n=27), grupo educação (n=25) e grupo suplementação (n=26).
Os participantes do grupo controle foram monitorados por avaliações nutricionais mensais e não receberam nenhuma intervenção nutricional. A intervenção no grupo educação consistiu de um programa educacional voltado para os cuidadores de cada paciente, em que participaram de 10 aulas interativas entre os profissionais e cuidadores. As aulas foram desenvolvidas com temas relevantes para as necessidades de intervenção nutricional, tais como: a importância da nutrição na doença, mudanças de comportamento durante as refeições, refeições atraentes, constipação, hidratação, administração de medicamentos, deglutição, suplementação nutricional, falta de apetite e esclarecimento de dúvidas. Os pacientes do grupo suplementação receberam suplementação nutricional via oral (em pó diluída em água), duas vezes ao dia (totalizando 680 kcal) durante seis meses, além da dieta habitual. Todos os participantes foram avaliados mensalmente quanto ao estado clínico e nutricional.
O déficit cognitivo de pacientes com Doença de Alzheimer é considerado como fator de risco para perda de peso e desnutrição, aumentando o risco de infecções, desenvolvimento de úlcera de pressão e má cicatrização, o que pode prejudicar a qualidade de vida.
O grupo suplementação apresentou aumento significativo nas medidas antropométricas, índice de massa corporal, circunferência do braço e área muscular do braço, em comparação com o grupo controle e educação. Ao final do estudo, o IMC do grupo educação foi significativamente maior em comparação com o grupo controle. O grupo suplementação também se mostrou superior a todos os outros grupos em relação aos níveis sanguíneos de proteínas totais que foram significativamente maiores e na contagem total de linfócitos.
“No Brasil, não existem estudos de pacientes ambulatoriais com qualquer tipo de suplementos nutricionais por via oral. No entanto, este estudo indica claramente que é importante que todos os profissionais de saúde, envolvidos no tratamento de pacientes com Doença de Alzheimer, sejam capazes de detectar a presença de déficits nutricionais. Isso permite que os profissionais de saúde encaminhem o paciente para um profissional de saúde qualificado, que possa instituir a intervenção nutricional adequada”, destacam os autores.
“A suplementação nutricional oral deve ser parte da dieta usual desses pacientes, como forma de fornecer nutrientes adicionais e, assim, contribuir para a melhoria do estado nutricional de pacientes com Doença de Alzheimer”, concluem.
Matéria NutriTotal
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